sexta-feira, 24 de abril de 2009

Fordlândia, uma cidade fantasma na Amazônia

Em 1927, Henry Ford, involuntariamente, tornou-se o precursor dos malfadados projetos megalomaníacos de ocupação da Amazônia. A idéia do gênio da indústria automobilística soa hoje como uma verdadeira extravagância ou até mesmo uma completa sandice. Ela consistia na construção de uma fábrica de borracha natural no interior do Pará para fugir do monopólio do produto imposto pelos ingleses naqueles tempos. Para viabilizar o plano, o empresário despachou de Detroit dois navios que aportaram às margens do rio Tapajós carregando os materiais para erguer não só a indústria mas também uma cidade inteira, com vilas ao estilo americano, escolas e hospital. A força de trabalho misturava executivos americanos, caboclos e aventureiros vindos de todas as partes do país e do mundo. "Todos são admitidos nas fábricas, exceto os dementes e os loucos", registrou na época o jornal O País, do Rio de Janeiro.

A Fordlândia, como o vilarejo foi batizado, acabou se revelando um fiasco completo. Um fungo praticamente dizimou a plantação de 1,5 milhão de seringueiras e o choque cultural entre os americanos e o povo local transformou num inferno a rotina de trabalho. Num dos episódios mais tensos, que ficou depois conhecido como "A revolta das panelas", os caboclos depredaram o refeitório, pois sua dieta de peixe e farinha havia sido substituída por espinafre e outros produtos estranhos à sua cultura culinária. Em razão de tantos problemas, a direção da fábrica resolveu deslocar as atividades para Belterra, cidade mais próxima do rio Tapajós. A iniciativa também fracassou. Em 1945, derrotado, Ford fechou as portas de sua filial amazônica, levando consigo um prejuízo de mais de 100 milhões de dólares, em valores atualizados.

Fonte: materia publicada por Sérgio Ruiz Luz no site www.portalexame.abril.com.br em 23.02.06

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