sábado, 26 de setembro de 2009

Em CUBA

"Tornei-me um top-model na Ilha", diz Reinaldo Buellas, que costuma aparecer diariamente aos turistas na Plaza de Armas, em Havana. Aos 88 anos, de barba branca, camisa surrada e boina à Che Guevara e um charuto na mão, senta-se na calçada, em frente ao Palácio Municipal, por gosto e conveniência.

Quem visita Havana, vai se deparar com muitos tipos típicos da ilha, como a velhinha da foto abaixo, simpática e "interesseira" que lá encontrei.

A imagem de Buellas, atualmente é vista em agências de turismo, em lojinhas de aeroporto e na mala de turistas que, dia após dia, são despejados na ilha. Ele é capa do Lonely Planet, o guia preferido dos viajantes mais descolados.

Como todos em Cuba, Buellas recebe, do governo, uma cesta básica com alimentos e algum produto de higiene, além de uma aposentadoria pelas décadas de serviço prestado nas marcenarias do Estado. Complementa a renda oficial de 15 pesos cubanos - o equivalente a 30 reais - com o bico de modelo fotográfico (em gorjetas, recebe por dia o que recebe por mês do governo). Fotografado por gente de todos os cantos do mundo, acabou parando na capa do guia de viagens.

Vez por outra, a gorjeta vem acompanhada de um mimo importado: já levou para casa chocolate suíço, camiseta francesa e café brasileiro. Parar para conversar, ninguém pára. "As pessoas vêm de longe para ver as belezas de Cuba. Não querem ouvir um velho", justifica, conformado com seu papel de modelo.

Ele, na verdade é um espanhol, nascido nas Ilhas Canárias, nos idos de 1921. Embarcou para Cuba oito anos depois, na companhia do avô, que buscava trabalho em plantações de tabaco. Traz até hoje a pele marcada pelo excesso de sol dos tempos de labuta na roça. Durante a Segunda Guerra Mundial, foi obrigado a deixar a fazenda para engrossar as tropas da ilha no combate aos nazistas. Na frente de batalha, lutando lado a lado com os americanos, conheceu a Europa. Regressou em 1946 e, pouco tempo depois, continuou a guerrear - dessa vez, contra novo inimigo, o ditador Fulgencio Batista. Nunca mais deixou Cuba.

Fonte: www.revistapiaui.com.br/edicao36

Estive lá em 2008.

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