quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

SONS

No mundo animal a audição é o sentido de alerta, indica ameaça. No mundo dos humanos, a sensibilidade sonora, ao longo dos tempos tomou significados variados, até dizer-se que a música é alimento da alma.

Os sons identificados pelos ouvidos humanos trazem simbologias pouco estudadas, mas não são só os cientistas que estão interessados no assunto, eu mesmo dei o primeiro passo. A Revista Super Interessante deste mês publicou a entrevista de um inglês chamado Julian Treasure, pesquisador e dono da empresa de consultoria Treasure. Ele diz que os efeitos dos sons para o cidadão urbano estão se transferindo para o plano inconsciente, tanto é o nível de proliferação de barulhos. Hoje o cidadão depende mais dos olhos para se situar na cidade e tem dificuldades para perceber e identificar um ruído, tamanha a profusão. Tornou-se muito difícil concentrar-se em ambientes como supermercados, lojas, oficinas e outros.

Som tem um efeito psicológico, dependendo da associação que fazemos. Muitos acham o canto de pássaros reconfortante, pois ao longo da evolução aprendemos que tudo está tranqüilo quando os pássaros cantam. O mar nos relaxa, porque tem uma freqüência cíclica próxima da nossa respiração enquanto dormimos. Não é só isso, diz o pesquisador, uma sirene quando acionada, gera uma descarga de hormônio cortisol, que acelera nosso coração e nos deixa atentos.

Palavras são símbolos que nos mantém atentos e concentrados, pois formam um tipo de comunicação sonora, que pode ser interrompida por uma buzina ou o barulho de uma freada, transferindo a atenção daquele para este barulho. Até a entonação da voz tem um significado.

Sons nos manipulam. A Honda contratou a Treasure para estudos nesse sentido. A conclusão é a de que som ajuda vender, assim como pode atrapalhar. Não há nada mais irritante que uma caixa de som na porta de uma loja, com alto falante estourado (o cérebro decodifica e manda uma mensagem: ambiente hostil, vá embora!). Por outro lado, o barulho da água escorrendo na mata é extremamente agradável (lojistas de produtos místicos sabem disso).

Há uma lenda (não sei se é verdade) que diz que a Harley Davidson patenteou o ronco de suas motos. Os aficionados da marca sabem o que estou dizendo.

Pra mim, só tem uma coisa mais irritante que as repetidas músicas natalinas: as “músicas funk” dos porta-malas dos chevetes.



Um comentário:

GEOGRAFIA-DANDO A VOLTA AO MUNDO disse...

Com certeza Rui, não há coisa pior para os ouvidos que "Music Street". Mas cheguei seguinte conclusão: quem gosta deste estilo de música, já perdeu a audição

5 de janeiro de 2010 14:35