Que sujeito chato!

Parou para refletir e percebeu que estava fora do contexto.

Estava destoando da maioria.

Estava ficando isolado.

Era alvo de críticas.

Muitas vezes sentia-se discriminado.

Puderas, era um reclamão.

Queria consertar o mundo.

Via muita coisa errada.

Achava injusto existir pessoas catando latinhas pra sobreviver,

enquanto outros jogavam comida fora e esbanjavam em grifes.

Reclamava por pagar pedágio e as estradas continuarem péssimas.

Não entendia por que tinha que pagar flanelinhas

para não ter seu carro riscado.

Não achava justo, regalias para deputados que nada contribuem.

Achava imoral a TV investir mais em programas com violência

do que com cultura.

Pechinchava sempre e era motivo de risos.

Era tratado como um “banana” por defender a paz.

Sua sinceridade causava ofensas.

Jamais aceitou mentiras.

Não aceitava que médicos cobrassem mais, para dar recibos.

Queria ser atendido por pessoas e não por máquinas

e por isso era chamado de antiquado.

Respeitava horários e queria o mesmo dos outros.

Não compreendia por que o homem cria regulamentos

e depois não os cumpre.

Buscava respostas.

E era chamado de chato.

Rui M. Carneiro