Desde os gregos, a filosofia vê o riso e a gargalhada como atos grosseiros.
"Ainda hoje, soltar uma gargalhada em debates filosóficos é visto como um ato grosseiro". Diz Manfred Geier. Manfred Geier é um filólogo e pensador alemão que vasculhou a história da filosofia atrás de respostas para uma questão simples: por que os filósofos são tão sérios e riem tão pouco? O resultado de suas investigações foi publicado em livro respondendo essa questão. Geier, no entanto quer quebrar esse paradigma e provar que existem pessoas inteligentes que amam o saber e não aceitam que uma boa gargalhada seja excluída das altas discussões.
De acordo com Geier, Platão foi o responsável por banir o riso do debate filosófico. Platão, a quem Geier dedica um capítulo intitulado "A tentativa de desenterrar o riso da filosofia", via o hábito de rir como uma manifestação de arrogância, muitas vezes injustificada. Platão dizia que o riso é indigno do homem livre.
Traçando um contraste com Platão, Geier ocupa-se amplamente de Demócrito, a quem a tradição apresenta como um sábio que não conseguia parar de rir, e a forma como foi vista a sua figura ao longo dos anos, desde a Antiguidade Latina até aos tempos da ilustração.
Demócrito, de quem não se conservou qualquer texto original, segundo a lenda, ria-se, sobretudo da estupidez humana e, por isso, autores romanos como Horácio utilizam a sua figura para criticar os seus contemporâneos. Demócrito dizia que o objetivo da vida é a alegria.
Na Idade Média, segundo Geier, o riso foi visto como algo suspeito, o que agregado a outros fatores, contribuiu para que a figura de Demócrito caísse no esquecimento.
"O riso é a válvula de escape dos excessos de energia nervosa". Diz Geier. "Ele alivia a tensão nervosa". "Quando você lê sobre o que fez os filósofos rir, aprende sobre as contradições e as ambiguidades da vida", completa Geier.
O certo é que risadas provocam bem estar.
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