segunda-feira, 7 de julho de 2008

Colonia Cecília - O anarquismo no Paraná

Em 02 de abril de 1890, chegava ao Município de Palmeira-Paraná, um grupo de italianos, para fundar, em terras cedidas por D. Pedro II, uma comunidade sem lei, sem religião, sem propriedade e sem governo. A Colônia Cecília foi a semente do sindicalismo brasileiro. A idéia original saiu da cabeça de Giovanni Rossi, um engenheiro agrônomo e cientista, que pelas suas experiências socialistas, não era bem quisto pela realeza italiana. Em seus preceitos filosóficos, a anarquia seria a última etapa na cadeia da luta de classes, posterior ao comunismo e, portanto, exigia como premissa não haver mais diferenças sociais. Rossi teria se encontrado com D. Pedro II, em Milão, e em função da carência de mão de obra no Brasil, nosso monarca ofereceu-lhe 300 alqueires de terras a 80 quilômetros da Capital da Província, no Município de Palmeira. A Colônia existiu durante quatro anos com cerca de 300 colonos. Teve uma vida efêmera, enquanto experiência anarquista, mas que na verdade veio a contribuir com a criação do sindicalismo tupiniquim. Com a debandada desses colonos, toda a região sul teve influência, pois engajados no meio operário eles iam lançando sementes do anarco-sindicalismo e associações operárias.

Diversos fatores contribuíram para que a experiência da colônia fosse interrompida, mas o principal deles seria de ordem política. Com a transição da Monarquia para a República, as novas autoridades não reconheceram a concessão de terras e aplicaram severas taxas e impostos aos moradores da colônia, desestimulando-os. Cansados de trabalhar em condições tão desfavoráveis, muitos homens resolveram seguir para a capital, onde havia trabalho fácil e remunerado. Rossi deixou anotado “Os homens ainda não estão à altura de lutar pela própria liberdade. A culpa não é deles, mas da organização que os criou e os educou”. E não foi só isso, uma epidemia de crupe atingiu os habitantes da Colônia, matando 7 jovens, inclusive duas filhas do próprio Rossi. Alguns descendentes desses colonos ainda residem em Palmeira.

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