sábado, 5 de julho de 2008

O terrorista de Curitiba

A Gazeta do Povo, jornal diário de Curitiba, de 08.01.2003 noticiou:

“Um passat 1981, cheio de problemas mecânicos e devendo cerca de R$ 2,5 mil em multas e IPVA atrasado. O carro velho já dava incomodo suficiente para o produtor rural Luiz Renato Beltrão. Não bastasse isso, ontem seu veículo foi confundido com um carro-bomba pela Polícia Militar. O Esquadrão anti-bombas usou dez gramas de explosivos para abrir o capô e o porta-malas. O carro, bastante estragado, foi guinchado para o depósito do Detran.

Beltrão, que mora em uma chácara em São José dos Pinhais, região metropolitana, começou seu dia de Osama Bin Laden pela manhã. Ele saiu de casa para visitar os pais, que moram no bairro Batel, em Curitiba. Por volta de 11h30, o carro ficou sem combustível e ele estacionou em frente à sede administrativa da Copel. Aproveitando que estava ali, foi até a portaria e fez algumas perguntas sobre a posse do empresário Paulo Pimentel na presidência da empresa – a cerimônia aconteceu no mesmo dia, mas em outro local. “O Paulo é amigo da nossa família, por isso queria me informar sobre a posse”, explicou mais tarde.

As perguntas, somadas ao fato de que o agricultor foi embora, mas o carro ficou no local, despertaram uma avalanche de mal-entendidos. Eles atingiram seu ponto alto quando um policial, usando roupas anti-fogo que o deixavam parecido com um astronauta, apertou o controle remoto do detonador que mandou pelos ares as fechaduras do velho carro. Os seguranças da Copel chamaram a PM. O carro só não foi mais danificado porque, cerca de 4 horas depois, Beltrão voltou ao local segurando uma garrafa com gasolina que colocaria no veículo para ir embora. Encontrou a rua cercada e os policiais prontos para detonar uma terceira carga explosiva. “A única bomba aqui é o próprio carro”, afirmou Beltrão, espantado com todo o aparato utilizado na operação.

No pára-brisa do carro, outra surpresa: uma multa por parar em local proibido, já que a vaga era exclusiva para carros da Copel. “Quero outro carro”, disso Beltrão.


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