Nova Capital do Cazaquistão

Dinheiro farto alimenta extravagâncias. Essa parece ser uma verdade em qualquer parte do mundo. Um caso desconhecido para nós ocidentais é o que está acontecendo no Cazaquistão, que para a maioria das pessoas começa sendo novidade saber que é um país. Em 1991 com o fim da União Soviética, Cazaquistão se tornou independente e o comunista Nursultan Nazarbaiev assumiu as rédeas, reelegendo-se periodicamente até hoje, e quem reclamar, vai pra cadeia. Pois ele decidiu criar uma nova capital no meio das estepes soviéticas, e pasmem os leitores, ele próprio é o inspirador, arquiteto e fiscal das obras. Em Astana, este é o nome da nova cidade (que em cazaque quer dizer capital), ele mandou cunhar em ouro, na cúpula de uma torre de 97 metros de altura, o molde de sua própria mão. Diferentemente de Brasília, Astana não obedece a um conceito estético definido, transformando-a numa cidade de gosto duvidoso. É um enorme desperdício num país de enormes problemas sociais. Já foram gastos 7 bilhões de dólares no canteiro de obras e até uma sala de concertos em forma de barco está sendo construída. Com tudo isso a popularidade do presidente é muito alta, pois o povo vive iludido com a informação de que o Cazaquistão tem a maior reserva petrolífera da região do Mar Cáspio. De fato, com a construção de um oleoduto até o Mar Cáspio, as exportações de petróleo aumentaram, mas a explicação para tanto esbanjamento é mesmo um capricho do presidente.
Fonte: Revista Veja, de 25.10.2006