sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Meus 60 anos

Rever conceitos. Refletir. Aprender. Continuar. Seguir em frente. Vivenciar.
É isso que faço enquanto transpasso a barreira dos 60.

Não quero comemorar essa data, pois todo dia, toda hora, é motivo para comemorar. Luis Baez, jornalista cubano escreveu um livro sobre Fidel Castro com o título "El mérito es estar vivo". Gostei do título do livro. Isso sim, é motivo para comemorar: estar vivo.

Já tenho mais passado que futuro, mas somando esses dois resulta meu presente. Esse presente estou desembrulhando há tempo.

Quando olho para trás vejo que meu filme está necessitando de retoques e acabamentos, mas está faltando muita coisa para completar.

Faço parte de uma geração de mudanças, de revoltas, de criações, de invenções, de desafios, de perspectivas, de transgressões, de conquistas, de transformações e de quebra de paradigmas. Ganhei o título de "Contestador" por não aceitar as coisas como são, simplesmente porque aprendi que não se consegue nada fora de seu tempo e que há mistérios irreveláveis, que se deve conhecer o outro lado ou que a posição empregado-patrão pode se inverter. 

Beatles, Alice Cooper, Ray Conniff, Vivaldi, Tonico e Tinoco, Enya, Zé Ramalho, Marisa Monte, Led Zeppelin, Belchior, Mazzaropi, 007, Anthony Quinn, Silvio Santos, Golias, TV em preto e branco, radio de pilha, prova de datilografia, telex, gordini, monareta, facebook, digital, Blog, download e sei lá mais o que.

"Nestes tempos modernos" vi a direita no poder, vi a esquerda no poder, só o que não vi foi a coisa acontecer. Acompanhei a esquerda sendo perseguida e depois a vi ocupando os mesmos assentos e cometendo novos erros.

Fui formado por escolas da vida em família, aprendi que a família orienta, une, que o núcleo familiar indica sempre um caminho e nos julgamentos que hoje faço, fui privilegiado em fazer parte de uma família - que dou graças a Deus - soube me direcionar. Sou grato por Deus me orientar a encontrar a pessoa que vive a meu lado e que juntos podemos orientar os filhos.

Refleti muito num mês de Caminho de Santiago e para confundir um pouco, visitei São Tomé das Letras e Machu Picchu, mas nada mudou em minha fé cristã.

A natureza em seus extremos me atraem, ouvi as batidas do coração no silêncio profundo do Deserto de Atacama, senti a pequenez humana frente aos picos da Cordilheira dos Andes, vi estupefato o azul entranhado no gelo do Glaciar Perito Moreno. Tremi quando me dei conta das quatro horas de voo sobre a Amazônia, rumo ao Panamá e as quase dez horas sobre o Atlântico rumo a Barcelona. 

A euforia nos reencontros com ex-colegas de Banco do Brasil, muitas vezes após 30 anos é inexplicável. Não lembrar nomes de alguns, fato dito normal, é imperdoável. Imagine-se então aos quase 50 anos depois, rever ex-colegas de internato no Colégio Agrícola, isso não tem preço.

Fiz minha escolha: não beber, não fumar, não jogar. Chegar aos 60, sem uso de medicamentos deve ser uma compensação.

Mas de tudo, nesse filme inacabado, ver a família unida, desde os pais, o casamento, o nascimento de cada filho, o acompanhamento da evolução deles e a perspectiva da chegada dos netos, a certeza de que DEUS onipresente quer que continuemos nesse rumo a caminhada.